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Fatores emocionais podem contribuir para o surgimento do câncer?

É difícil apontar uma única causa para o desenvolvimento do câncer, mas já se sabe que cerca de 80% a 90% dos casos estão associados a causas externas, conforme aponta o Ministério da Saúde. Isso quer dizer que nossos hábitos comportamentais têm forte relação com o desenvolvimento de um tumor no futuro, principalmente aqueles que são associados ao cigarro, álcool, ambiente de trabalho (indústrias químicas), vírus e alimentação. Tais fatores ambientais são denominados cancerígenos e alteram a estrutura genética (DNA) das células. Isso não ocorre de um dia para o outro, mas sim ao longo dos anos. Veja também: É possível ter câncer em qualquer órgão do corpo? Ainda segundo o Ministério da Saúde, apesar de o fator genético exercer um importante papel na formação dos tumores, são raros os casos de câncer que se devem exclusivamente a fatores hereditários (cerca de 10%).  Mas uma questão que sempre causa dúvida é o papel das emoções no desenvolvimento de um tumor. Será que as emoções negativas são capazes de “formar um câncer”?

Emoção e câncer

Essa pergunta tem intrigado diversos médicos e cientistas no mundo todo e, no momento, não há nenhum estudo concreto que demonstre ligação entre estresseansiedade, tristeza e depressão para o desenvolvimento de neoplasias (massa de tecido que se forma graças ao crescimento anormal das células). Para se ter uma ideia, um estudo prospectivo (começa num determinado período e analisa os resultados depois de um certo tempo) entre mais de 100 mi, mulheres do Reino Unido não encontrou nenhuma associação entre o risco de câncer de mama e os níveis de estresse percebidos ou os eventos adversos vividos nos últimos cinco anos. Portanto, segundo o  dr. Marcelo Corassa, oncologista clínico e pesquisador da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, não podemos dizer que o estresse ou tristeza, por exemplo, sejam fatores exclusivos para o surgimento de um câncer. Entretanto, assim como o cigarro e a genética, eles podem ser um componente que aumenta o risco de desenvolvimento de um tumor no futuro. “Há vários pontos que podemos discutir nesse tema. Pessoas estressadas estão mais propensas a terem riscos associados, como estilos de vida menos saudáveis, hábitos de fumar e consumir bebidas alcoólicas em excesso. Portanto, indiretamente, existe, sim, uma associação.” Isso porque um estado ansioso e estressante libera na corrente sanguínea hormônios como epinefrina e norepinefrina que aumentam a pressão arterial, a frequência cardíaca e os níveis de açúcar no sangue. Na vida cotidiana, todo mundo passa por eventos assim, o problema ocorre quando eles se tornam frequentes a ponto de se tornarem crônicos. O dr. Corassa explica que há um fator importante de causa e consequência que também pode afetar a saúde. “Pessoas que lidam com altos níveis de ansiedade e depressão realizam menos atividade física, têm hábitos alimentares ruins. A longo prazo isso pode causar um pior prognóstico da doença.”